quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Sobre a inquietude e outros monstros



A inquietude me cutuca. Hoje mais que habitualmente.

Desde o momento que abri os olhos, meio zonzo e com a cabeça um pouco mais pesada, esse “bichinho” tem me mordido sem parar. Meu coração que o diga.

Na verdade, o meu primeiro impulso foi combater essa inquietude, continuar quieto e a dormir, mas o dever insistia em me chamar, e por mais esforço que eu faça para não o escutar, a minha maldita noção de dever não me abandona, talvez por um receio muito pessoal de repetir erros que vi e com os quais convivi, de perto demais para que os possa olvidar. Não posso. É preciso levantar, se vestir e correr para o trabalho, já estou atrasado.

Já vestido e pronto para a “batalha”, continuava inquieto – e continuo no preciso momento em que escrevo. A inquietude é um monstro que vive dentro de mim, com o qual aprendi a conviver, e creio que até aprendi a domar, para o bem da minha sanidade mental.

O problema é que como tudo tem dois lados, também a inquietude o tem. Se por um lado nos baralha, nos confunde e nos exorta por caminhos nebulosos e precipitados, querendo abarcar o mundo e tudo ter ao mesmo tempo, também nos chama atenção para os falsos caminhos de tranquilidade que traçamos para as nossas vidas, para as metas que vão morrendo de fome pela estrada, por falta de serem alimentadas.

A inquietude é inimiga secular do conformismo. Estão em guerra constante se ocupam o mesmo espaço, e qualquer espaço é pequeno para esses dois enormes monstros…

O desejo de dar ouvidos a inquietude é grande, e nesse momento, julgo que até seria benéfico, porque ela tem apenas me mostrado que nos últimos tempos a minha vida tem perdido autonomia para a acomodação, que é outro monstro que também vive aqui dentro, dividindo espaço com outros tantos.

Não há espaço para tantos monstros dentro de uma pessoa. Monstros brigam, se esfolam, se matam e revivem. E quando o fazem, retornam ainda mais fortes que antes.

Para o bem da convivência pacífica e equilibrada de todos os monstros, algum deles terá que partir.

Mateus Medina
21/09/2011

4 comentários:

  1. É o que estou tentando: domar alguns monstros, matar outros e perder o medo de alguns. Ultimamente, a briga aqui tem sido intensa. Insalubre. De saco cheio de algumas coisas... Buscando descobrir - AINDA - o que são desejos meus e o que são desejos de outras pessoas, necessidade de corresponder às expectativas alheias. E esse comodismo que me traz sensação de impotência. Tô escavando fundo aqui dentro de mim. Pra interromper esse circulo vicioso de me sentir assim, como vc descreveu nesse texto... Bjos!

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  2. Ah, Mateus...eu acho que é justamente esta inquietude que nos move pra frente, nos faz buscar novos caminhos e crescer! E digo mais, pessoas conformadas e que se recusam a sair da suas " comfort zone" acabam perdendo oportunidades de viver novas experiências, ampliar a mente.

    Eu sempre fui uma mente inquieta...e nem chega a ser uma opção porque nasci assim, né? Inquietude incomoda, inquietude dói...Mas admito que foi justamente através dela que me tornei a pessoa que hoje sou.

    Por outro lado, a jornada continua...entào vamos lá aprender a lidar com os monstros que residem dentro de nós (e não são poucos, né?)

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    1. É esse mesmo o caminho, o único possível pra quem não se quer deixar devorar pelos monstros.

      Bjocas

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