Matar nunca foi um desejo,
Uma vontade nascida da neblina
Ou mesmo escolha, fruto do ensejo
Fui impelido pelos olhos da menina
Disse-me ela, num primeiro olhar:
"Alimenta-me do pesar alheio"
Desde então, tenho vindo a sangrar
Um qualquer que não veja ao espelho
À noite ela sussurra baixinho
Em tons de loucura contida
"Dá-me mais, mais um pouquinho!"
Então saio, e ceifo outra vida
Sua voz não me causa tormento,
Não me amedronta, nem me incomoda
Em verdade, se ausente um tempo
É a saudade quem invade a porta
Fala-me, menina de olhos negros
Diz-me um nome, e dar-te-ei essa alma
Conta-me o teu mais triste segredo
Só o som da tua voz me acalma
Mateus Medina
28/03/2014