quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Nestes dias



Nestes dias nublados
É bom que a chuva caia
O sangue do céu se esvaia
Para que o cinza se vá

Nestes dias nublados
O coração quase parado
Tem medo de acelerar,
Perder o passo e se perder

Nestes dias nublados
Convém a maciez da cama,
O corpo de quem se ama,
A preguiça sem culpados

Nestes dias nublados
A gula mostra-se invencível
E a força mais temível
É o descontrole inesperado

Nestes dias nublados
Não há sorriso verdadeiro,
A pálida alegria no espelho
É um reflexo irrefletido

Nestes dias nublados
Antigos sonhos regressam,
Tão impossíveis quanto antes
Deitam sobre nós o pecado

Nestes dias nublados
Era melhor não ter nascido,
Mais valia não ter umbigo
Nem cordão pra ser cortado

Nestes dias nublados
O desejo se afasta sem jeito,
O aperto toma conta do peito
Senta-se a solidão ao lado

Mateus Medina
27/09/2012



quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Rosa murcha



Não é que a rosa, coitada, seja feia,
Ela é bela - e até cheira bem
É que a tua beleza estonteia
Dela não há quem tenha um vintém

Não é que à lua falte o poder
Das marés ela é deusa e senhora
É que tu fazes o meu sangue ferver
Ondas pra lá e pra cá a qualquer hora

Não é que vida não seja boa
Dela aproveito cada respirar,
Entre sorrisos num dia divertido

É que sem ti, tudo nela destoa,
Não há marés, vejo a rosa a murchar
E me pergunto disso tudo o sentido

Mateus Medina
26/09/2012

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Top 5 - 52 x 5 Momentos para compartilhar (Tirando o atraso)



Pra tirar o atraso... de novo. Here we go...

Semana 35: Minhas piores compras foram:

Eu vou meio que "pular" essa. Passei uns bons minutos pensando no que seriam as minhas "piores compras" e... não consigo me lembrar de nada.

Consigo apenas apontar que acontece com frequência, MUITA frequência, de eu comprar qualquer coisa "eletrônica", desde celular à consolas, passando por TV e dar qualquer "probleminha". É raro eu comprar, ligar e estar perfeito. No entanto, não considero isso uma "má compra". É azar mesmo, eu sou o cara mais azarado do mundo... (e nessa parte, certas amizades fajutas que eu tenho, bradam que eu sou "manhoso"... rsrsrsrs)

Anyway, vou mesmo passar adiante, porque normalmente quando eu quero algo, eu pesquiso primeiro, vejo resenha, leio fórum, etc... que é pra não me decepcionar. Eu compro pouco e geralmente compro bem.

Semana 36: Morro de preguiça de:

1) Fazer qualquer serviço doméstimo catalogado e não catalogado

2) Acordar cedo em dias deliciosos de frio, com aquele barulho de chuva lá fora...

3) Quando as compras são muitas, dar duas (ou três, ou quatro...) voltas pra levar tudo. Minha tática é: Acaba com a coluna, mas vai tudo de uma vez, nem que seja preciso utilizar a arte dos equilibristas e contorcionistas

4) Chegar em casa do trabalho durante a semanas e ter que sair de novo. Principalmente se for para ir ao mercado/shopping (mas se for pra ir na esquina também...)

5) Falar assim que acordo

Semana 37: O que, de melhor, o mundo virtual te trouxe/traz?

1) Minha mulher, que conheci no finado Orkut

2) Amigos. Amigos de verdade, que apesar da distância física se provaram merecedores desse "título". Não, não tô falando da lista inteira do facebook (que já não participo), mas de um seleto grupo de pessoas, entre essas.

3) Fonte inesgotável de conhecimento com rápido acesso.

4) Megaupload (R.I.P)
 
5) Pagar/comprar coisas, contas, pela internet

Semana 38: Desculpe, mas eu acho brega:

1) Jovem guarda, "sertanejo" universitário, dupla "sertaneja" (esses nem catam sertanejo, mas se apoderaram do rótulo), "fanqui du morro", pagodão (aqueles lá da minha terra, não pagode de raíz), arrocha, forró "eletrônico", "mpebista" metido a intelectualóide, "roqueirinho du mau" (até os 18, 20 tão perdoados, ambos), Restart, fã de restart, quem não muda de rádio quando toca restart, quem sabe o nome dos integrantes do restart (se tiver filho pequeno tá meio perdoado... e meio condenado), "fanzocas" de Ivete / Claudia Leitte que fazem guerrinha na internet...

2) Ratinho, Gugu, Faustão... e quase todo programa de auditório

3) Imprensa "cor-de-rosa" e as pessoas que alimentam essa indústria ridícula, que esquece o artista e foca na vida pessoal, quando não faz pior, "criando" artistas que não fazem arte, a não ser pôr a buns de fora, mostrar os músculos.
Big Brother, Casa dos artistas, qualquer outro que aparecer... já deu. Se algum dia foi interessante sob o aspecto antropológico, comportamental... já foi há muito tempo (e não durou muito)

4) Gente que "se faz de doente pra ser visitada". Em qualquer aspecto. Mas, especialmente umas pessoas que conheço, que passam a vida reclamando que são MUITO pobres, que passam dificuldades extremas, que têm uma vida sofrida e miserável... e cada vez que abrem a "boca" é pra dizer que compraram zilhões de coisas de marca, caríssimas, e se fazem de super humildes. Basicamente gente medíocre que acha que ter dinheiro (e cantar aos quatro ventos) é qualidade.

5) Bota no verão, shortinho enfiado... é... motociclista empinando a moto no meio do trânsito, gente que vai pro meio do estacionamento, leva a geleira pro carro, tora o som às 9 da matina de domingo e bota a filha pra dançar o "pagodão" no capô do carro (sim, eu tive vizinhos assim), roupa com o coz quase na altura do peito (é... a moda tá voltando...), falar alto no celular no meio da rua, comboio, ônibus, de propósito, achando graça que todo mundo ouça sua conversa, e por fim, blogueiro que faz uma lista gigantesca, quando só lhe pediram 5 itens...

***** É capaz dessa última semana ter um pouquinho mais que cinco, mas acreditem, tentei dividir por "categorias", e assim que eu clicar em "publicar", vou começar a me lembrar umas 800 que ficaram de fora... o mundo é meio brega. Sem falar que para não correr o risco de interpretações erradas (muito frequentes), dexei alguns temas "polêmicos" de fora, de propósito...

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Acredite em mim





Por trás do vidro embaçado, tinha o rosto amarrotado, tal qual o vestido.

Observava com atenção, a espera que ele olhasse para trás, que a visse ali, humilhantemente colada à janela, mendigando o perdão pelo arrependimento tardio. Enquanto os segundos atrasavam-se, transmutando-se em horas para o seu desconforto, o coração contorcia-se na boca do estômago.

Ele virou-se.

Ela endireitou-se e sorriu. Tinha vencido.

Correu à porta, passando as mãos pelo vestido amarrotado, limpando as lágrimas que teimavam em escorrer. Quando a campainha tocou, sorriu novamente, suspirou e fez uma prece, passando nervosamente os dedos pelas contas do terço que trazia pendurado ao pescoço. Agradeceu ao bom Deus pelo perdão do seu amado. Seria tudo como antes.

Abriu a porta e jogou-se em seus braços. Ele abraçou-a, beijou-lhe os lábios e sorriu, antes de lhe sussurrar aos ouvidos:

"Eu te disse que nunca mais olhasse para mim".

Um disparo. Um estouro.

Mateus Medina
19/09/2012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Por vezes



Por vezes, sem qualquer explicação
O sol brilha e ilumina
Os cantos escuros; a casa dos fantasmas
Pelas janelas entra a vida
A luz, que um dia perdida,
Lembrou-se do caminho de volta
E de repente é tudo simples, leve e iluminado

Por vezes a brisa sopra refulgurante
E no ápice de um instante; tudo desaparece
No completo vazio que me completa,
Entras de mansinho e ocupas teu lugar
Ficas, pelo tempo que tens que ficar
E quando te vais, vão contigo as sombras,
Dispersadas em qualquer outro lugar

Por vezes perco a noção - e recupero e vida
O pulsar de uma ferida que alerta
Quão pueril é o falso controle
Que nos vibrem sabores e dissabores!
O medo de encarar a ferida aberta
Nos conduz à confortável morte
Que já lá está, muito antes de chegar

Por vezes, por tantas vezes
Tenho noção da minha sorte
Em desfrutar de tão rara companhia
Tão seguro me torno em tuas asas
Mesmo sabendo qu'essa angelical beleza
Poderá me conduzir às dores, aos dissabores
Por vezes, tudo se esquece pelos amores

Mateus Medina
28/05/2012






sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Por que lutar?



Que a neve me cubra de branco
E o frio se aposse do meu corpo
Derrotado, imóvel, cansado...
Até que afinal esteja morto

Que se esqueçam de mim; sigam!
Já não posso, nem mais um passo
Meu corpo rendido, abatido
Cedendo à loucura espaço

Que o vento me corte a pele
Feito faca de açougueiro
Por favor, não me carreguem!
Sigam em frente os guerreiros...

Que o silêncio se faça pesado
Quero o beijo da solidão
Deixem-me sozinho e calado
Não lembro de qualquer canção

Que seja bem curto o caminho
Para os braços do absoluto ócio
Pesam-me os olhos, as pernas
Já enxergo o impiedoso núncio

Que venha e espalhe a notícia:
"Um covarde a morrer tartamuda"
Parto sem compreender
Por que lutar por esta vida absurda?

Mateus Medina
14/09/2012


quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Um sonho, uma saudade

 Sonhei que me beijavas
Mas tu nunca saberás
Tão distante que estás
E senti que me abraçavas

Teus cabelos toquei
Como há anos não fazia
Senti-te a pele macia
Teu perfume inalei

Um sonho, uma saudade
Sensações de um tempo ido
Quando caia o teu vestido
O meu mundo era verdade

Me tomaste pelas mãos
Fui levado a passear
Sem poder me desviar
Cedi à fascinação

Deste-me aquele sorriso
Que nos retira a escolha
Envolveste-me na bolha
Do abraço qu'eu preciso

Mesmo em sonho o teu calor
No meu corpo formigava
Dizias que me amavas
Quando o sonho acabou

Mateus Medina
11/09/2012

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Alma Vadia




Dá-me a tua mão ou dá-me um vício
Arrasta-me do fim para o início
Ou deixa-me aqui a apodrecer

Sejas minha salvação ou minha morte
Tira-me do breu, mostra-me o archote
Ou derrama a escuridão no amanhecer

Não sejas minha sombra assombrada
Meu demônio mudo, meu nada
No limiar atemporal escondida

Não sejas pretensão do que será
Barco à vela sem mastro, em alto mar
Morte suspensa que não é vida

Sejas doce paixão ou ódio eterno
Acolhe-me no frio deste inverno
Ou deixa-me cá fora a congelar

Junta-me ou faz-me em mil pedaços
Deixa-me envolver-te em abraços
Ou vai-te; sem pestanejar

Não sejas meu temível pesadelo
Imagem distorcida no espelho
Maquiagem que só dura um dia

Não sejas do meu mundo o fim
Limite, prisão ou coisa assim
Que entristece uma alma vadia

Mateus Medina
31/08/2012