terça-feira, 31 de julho de 2012

Versos derramados

Aperto o passo, com pressa
Me persegue a luzídia paixão
Não vejo nada, ora essa!
Ao fim e ao cabo, será ilusão?

Se fecho os olhos, enxergo
Na ponta dos dedos cheiro
Sinto-lhe o gosto; me vergo
Brota o verso, não o derradeiro

Escorrego entre tons... e sons
Faço a vontade da alma
Quando vem o silêncio; batons
Salpicam de vermelho a sala

Nasce outro verso, é agora
Esse sim, será o derradeiro
Derrama-se a chuva lá fora
Cá dentro, escorre o verso inteiro

Mateus Medina
31/07/2012





sexta-feira, 27 de julho de 2012

Para o tempo



E quando o dizes sem porque
É uma chama que se acende
Há um torpor de bem querer
E minh'alma a ti se rende

Quando pela manhã me abraças
Pela janela vislumbro fantasia
Derrama-se o sol em cascata
Cascateiam nuvens em euforia

Para o mundo para qu'eu não pare
Não separe tuas mãos das minhas
Ou pode ser que eu repare

E se volta o mundo a girar
O ponteiro dá a volta novamente;
Outra manhã tenho que esperar

Mateus Medina
27/07/2012

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O preço da equação



Equações ditam a felicidade
É tão simples, dê o que puder
É só pegar, pagar e levar
Uma dose após cada refeição,
Que se segue à oração,
Milagre que multiplica o pão

Nossos caminhos traçados,
Ditados pelo medo e ameaça
Elaborados em complexa fantasia
Está escrito, está dito, está provado
Por cegos guardando ruínas
Crendo que guardam castelos

Todas as cartas marcadas
Só vemos o que lhes convém
Lê-se em frágeis linhas d'água
Supostas rotas do caminho de alguém
Seguimo-lo sem nos questionar
Murmuramos alegremente "amém"

À mesa o som das gargalhadas
Paira o fumo do fogo que não arde
O ardil costurado com ardor
Injetado antes que seja tarde
É tanto amor, tanta promessa e entrega
Desde que se entregue a própria alma

E quando nada se concretiza
Há sempre uma qualquer desculpa
Esfarrapada, como as vestes que envergam
Os cegos guardadores de ruínas
O oposto das vestes que abençoam
Forradas a ouro, sangue e mentiras

Mateus Medina
12/07/2012




terça-feira, 10 de julho de 2012

Memórias



Quiseste arrancar tuas memórias
No tempo em que a dor vencia
Tolo desejo de apagar a história
Reescreve-la em traços de fantasia

Lutaste o possível, até não mais poder
E mesmo enquanto isso, tu fingias
Divagaste a sonhar com o que poderia ser
Mas não era, nunca foi, jamais seria

Novas memórias são incapazes
De tomar o lugar às mais antigas
Não desbancam executores mordazes
Que nos chicoteiam velhas feridas

São falsas as memórias; todas elas!
Dignas de nenhuma confiança
Na escuridão da caserna são velas
Até que tombam, incendiando a esperança

É inútil batalhar contra memórias
Se lhes convém são fumaça em vendaval
São também parte da verdadeira história
Alimentam-se da ilusão e do real

Mateus Medina
10/07/2012



segunda-feira, 2 de julho de 2012

Semana 25: Tenho aflição de:



Semana 25: Tenho aflição de:

1) Qualquer bicho que voe.
Sim, inclusive boboletas e qualquer tipo de bicho "bonitinho e do bem". Se tiver asas, eu fujo.

2) Aranha.
Sou da opinião que as aranhas não foram criadas por Deus.

3) Pulmões pretos em maços de cigarro.

4) Dias cinzas.

5) Varandas em andares muito altos com proteção abaixo da linha da peito.
Se eu encosto, me sinto empurrado pra frente e com a certeza que "é hoje que eu caio"...