sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Deixem-me morrer

(Imagem: House M.D. 3x03: "Informed Consent")


Sou velho, já vivi demais
Pudera eu alcançar a morte
Seria um consolo,
Uma prenda que me negam
Trancafiado entre paredes brancas
Fios colam-se ao meu corpo
Levando mensagens irrelevantes
Para alguém que não se importa
Suporto, não sem algum rancor
Que a minha vida se esvaia
Pelos algodões manchados
Entre o vermelho vivo
(Que me mata enquanto me deixa)
E o amarelo excremento
(Que me apodrece antes de ir embora)
As cores que já não vejo
Pois a brancura dos meus olhos
Enclausurou-me em escuridão
Mas posso senti-las
E diferencia-las pelo odor
Vermelho arde nas narinas
Amarelo cheira a pulmões
Já castigados e maltratados
Sou velho, já vivi demais
Deixem-me morrer

Mateus Medina
30/09/2011

5 comentários:

  1. Essa poesia me lembrou o estilo de escrever de Augusto dos Anjos( se é que estou certa quanto ao nome dele). vc conhece??;-)

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  2. Você se incomoda se eu postá-lo no meu blog? Claro, com os devidos créditos. É que gostei muito desse. =)

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  3. Valéria, está certa sim.

    Augusto dos Anjos, o maior poeta "maldito" da história do Brasil, sem qualquer dúvida. Além de com certeza figurar na minha lista como um dos melhores do mundo. É um mestre da poesia, está naquele nível superior onde figuram Fernando Pessoa, Drummond e cia...

    Karine, esteja a vontade, não há qualquer problema =)

    bjos

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