quarta-feira, 18 de maio de 2011

Todos os dias uma morte


Quando o tempo para
E o coração soluça
Eu tenho certeza da morte

Houve um tempo em que eu morria
De um jeito a cada dia
E era cada vez mais forte

Hoje raramente morro,
Mas, quando calha d’eu morrer
Não há remédio ou socorro
Que me venha aquecer

Quando tudo gela e escurece,
A razão vai-se embora
Tenho certeza que é agora
Que o coração padece

E quando percebo, de repente
Que acabei de renascer
É como um lamento contente
De quem escapa sorridente
Sem no entanto saber
Se afinal, amanhã tornará a morrer.

Mateus Medina
18/05/2011

6 comentários:

  1. Isso me lembrou algum autor brasileiro de 1800 e alguma coisa, acho que pelo modelo de construção.

    Ainda vai dizer que está enferrujado, Mytha?

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  2. Agora posso dizer que já estou menos enferrujado, Alexandre rsrsrsrs

    Valeu meu brother, um abraço.

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  3. Muito bonito!
    Ritmo e rima muito agradável. Quanto à estrutura interna, digamos que sim, que a morte nos vai acontecendo, cada ia um pouco. Há dias em que morremos mais, outros em que quase a não a sentimos.

    L.B.

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  4. que lindo.... as vezes as coisas mais belas são as mais tristes, sabia?... mas desejo de coração que vc não ' morra' tanto.... vc parece ser um cara legal pra ter tantas ' mortes'... nõ sei se acertei no que to te falando, mas acredito( pqlo que vc escreve) que vc vc voltasse pro teatro, te ajudaria a não ' morrer' tanto... beijos

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  5. Lígia, obrigado =)

    Valéria, você acertou na parte em que fala de mim, de que se eu voltasse ao teatro "morreria menos", isso é bastante verdade.

    Mas, tem uma coisa que provavelmente pode passar uma ideia errada para as pessoas que me lêem, que é o fato de eu na maioria das vezes escrever em primeira pessoa, mesmo que eu não esteja tratando de mim, de um sentimento pessoal.

    Eu me coloco sempre no lugar da personagem - lá está o ator em mim rsrsrsrsr -, e prefiro, mesmo nos poemas, "encarnar" a personagem, muito embora, eu trate na maioria das vezes, de misturar personagens, que é o que eu mais gosto =)

    Eu costumo dizer sempre isso, quando falo a respeito de poesia: Quando deixei de ser auto-biográfico, melhorei muito enquanto escritor, porque nós nos libertamos de só escrever acerca daquilo que sentimos, e passamos a usar um leque de emoções alheias, que são riquíssimas.

    Isso tudo, pra dizer que sim, esse poema tem muito de mim, mas, há muitos que escrevo, que têm muito de tudo o que observo do mundo, e nem sempre correspondem as minha emoções.

    Beijos, e obrigado pelas participações =)

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