quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Inevitável



Sentado na poltrona, de costas para a porta, seu Genaro aguardava paciente. Sempre soube que esse dia chegaria. 

Uma vela quase a acabar, marcava o tempo que lhe restava, jorrando pelo quarto um resquício de luz cor de laranja, sem que nenhum calor daí emanasse.

— Aqui em cima - disse com convicção, enquanto pensava "valeu a pena".

Não se ouvia qualquer barulho, mas seu Genaro sabia que o destino subia as escadas. Ereto e inabalável, optou por apagar a vela, antes que ela se apagasse.

Mateus Medina
29/11/2012

3 comentários:

  1. "Aqui em cima"

    Para quê fugir do inevitável. Ir ao seu encontro, só mesmo se tiver valido a pena.
    Quase indolor, apesar de tudo!...

    Um beijo

    ResponderEliminar
  2. "Alô, iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer." Seu Genaro, não resignado, mas convicto, fez o que lhe cabia - apagou a vela.

    ResponderEliminar