terça-feira, 30 de julho de 2013

Cartas escritas para não serem lidas

("Brieflezend meisje bij het venster" (Garota lendo uma carta à janela),
 de Johannes Vermeer, 1657-1659)

Tudo o que jamais te contaria
Repousa agora em cima da mesa
Entrelaçados; destino e escolha
Resolvem o caminho a seguir
Através do caminho seguido

É como a vida
É como a morte

Fujo de uma e outra
Quando desisto e quando persisto
Não há qualquer explicação;
O meu sim e o meu não
São faces da mesma moeda

É como o coice
É como a queda

Está aí, em cima da mesa
Leia, se quiser saber
Queime, se tiver juízo
Mas, não me pergunte nada
Esse rio já foi desviado
E não faço ideia para onde 

Mateus Medina
27/07/2013

11 comentários:

  1. [quando a passagem se desfaz em grãos de areia, resta o sonho na calma da outra margem]


    beijo

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  2. as cartas escritas para não serem lidas carregam sempre tanto, nas linhas e nas entrelinhas. :))

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  3. Mateus,

    As faces da mesma moeda são opostas e seu belo poema mostra que a vida nem sempre é um caminho certo com arvores e sol.
    Adorei.

    Beijos

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  4. Muito boa essa carta, Mateus. E não há melhor forma de se dizer o que pensa do que através da carta. Dizer "na lata" nos deixa limitado pelas prováveis reações. Meu abraço.

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  5. Mateus.
    Estou feliz em conhecer seu blog
    muito mais feliz em conhecer suas postagens.
    Desejo uma linda noite noite abraços.,
    Evanir..

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  6. Olá Mateus,

    Creio que "se o rio já foi desviado" não há mais razão para a leitura das cartas, embora eu, curiosa que sou, não abriria mão de lê-las.

    Há cartas que são escritas apenas para lavar a alma e nunca para serem lidas.

    Abraço.

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  7. Muito bom Mateus.Muito bom mesmo.Ficaria pensando no teor da carta, mas por não poder mudar mais nada, acho que não leria.

    Beijinho.

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  8. O texto, em si, já possui seu significado. Com esta imagem acima então... é de suspirar, Mateus.

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  9. Já foram os sentimentos desnudados. E afastados. Já não importa que os saibam através da leitura de cartas. Bjs.

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  10. Perfeito , Mateus , como são todos os seus poemas. É muito bom vir aqui . Sensibilidade à flor da pele . Beijos

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