quarta-feira, 6 de junho de 2012

Tempo em jatos



Entre o que eu via e fazia
Um abismo se entrepunha
Dobrava-se o tempo, sobre si mesmo
Acelerando a percepção
Aplacando a angústia da demora
Fazia tempo, já era hora
E de repente estava feito
Um estalo, uma explosão,
Desdobrou-se e esticou-se, o perverso!
Tempo de observar o estrago
Com muito tempo, esticado
Em lentidão tudo voltava
E todo o tempo percorrido
Não era nada; absolutamente
Revi, revivi, resurgi
Num espaço amargamente opaco
Cada momento, cada respirar,
Os gemidos em suave retrocesso
Cabia tudo; o universo
Dentro dos escassos segundos
Entre o empunhar da faca
E o rasgar da carne
Tudo de parte, suspenso...
Um grosso e pegajoso jato
Atravessa e rasga o tempo,
Retira-lhe o que resta
Outro jato, menos tempo,
Esvaído até o silêncio absoluto

Mateus Medina
05/06/2012


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