segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Meu silêncio



Meu silêncio não é tão-somente
Um fardo encerrado em si mesmo
Vai além da ferida a vista,
Da agonia calada na garganta
Tapada por sangue seco
É um castigo
É o avesso do próprio umbigo,
A revolta do mar contra o barco
Meu silêncio é doença
Se espalha sem chamar atenção
Aos poucos causa dormência
Explode mudo em solidão
Meu silêncio é o preço
O troco da implacável vida,
A prisão necessária e dolorosa
Que umas (poucas) vezes cura
E outras (muitas) enlouquece
Meu silêncio é a sobra,
É simplesmente o que me resta
Na vã tentação de gritar
Aos ouvidos surdos e impassíveis
O tamanho da minha dor e penar
Meu silêncio é efeito, não é causa
É o indesejado amargor,
Ministrado de uma só vez
Sem direito a lutar contra o revés
Anunciado em tempos de barulho
Meu silêncio é orgulho

Mateus Medina
21/11/2011

3 comentários:

  1. "Meu silêncio é orgulho"

    Tenho pensado sobre isso, viu... Orgulho é uma m... Pior ainda quando a gente nem o reconhece, nem percebe que ele está lá...

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  2. Lilian, obrigado =)

    Pri, orgulho é destrutivo, corrosivo, né?

    Quando a gente não dá conta então, ainda pior...

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