segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Alma Vadia




Dá-me a tua mão ou dá-me um vício
Arrasta-me do fim para o início
Ou deixa-me aqui a apodrecer

Sejas minha salvação ou minha morte
Tira-me do breu, mostra-me o archote
Ou derrama a escuridão no amanhecer

Não sejas minha sombra assombrada
Meu demônio mudo, meu nada
No limiar atemporal escondida

Não sejas pretensão do que será
Barco à vela sem mastro, em alto mar
Morte suspensa que não é vida

Sejas doce paixão ou ódio eterno
Acolhe-me no frio deste inverno
Ou deixa-me cá fora a congelar

Junta-me ou faz-me em mil pedaços
Deixa-me envolver-te em abraços
Ou vai-te; sem pestanejar

Não sejas meu temível pesadelo
Imagem distorcida no espelho
Maquiagem que só dura um dia

Não sejas do meu mundo o fim
Limite, prisão ou coisa assim
Que entristece uma alma vadia

Mateus Medina
31/08/2012




2 comentários:

  1. Teu poema é imenso. Meus aplausos. Uma poesia de verdade.

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  2. É bom perceber que a poesia cresce, tanto mais quanto mais a amamos. E isso vê-se aqui.

    Estar no limbo, no desconforto entre o ser e o não ser. Rasgar as dobras da dúvida para poder ler o tudo ou o nada.

    Gostei muito!

    Um beijo

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