quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Acredite em mim





Por trás do vidro embaçado, tinha o rosto amarrotado, tal qual o vestido.

Observava com atenção, a espera que ele olhasse para trás, que a visse ali, humilhantemente colada à janela, mendigando o perdão pelo arrependimento tardio. Enquanto os segundos atrasavam-se, transmutando-se em horas para o seu desconforto, o coração contorcia-se na boca do estômago.

Ele virou-se.

Ela endireitou-se e sorriu. Tinha vencido.

Correu à porta, passando as mãos pelo vestido amarrotado, limpando as lágrimas que teimavam em escorrer. Quando a campainha tocou, sorriu novamente, suspirou e fez uma prece, passando nervosamente os dedos pelas contas do terço que trazia pendurado ao pescoço. Agradeceu ao bom Deus pelo perdão do seu amado. Seria tudo como antes.

Abriu a porta e jogou-se em seus braços. Ele abraçou-a, beijou-lhe os lábios e sorriu, antes de lhe sussurrar aos ouvidos:

"Eu te disse que nunca mais olhasse para mim".

Um disparo. Um estouro.

Mateus Medina
19/09/2012

3 comentários:

  1. Ai, medo!

    Ele a matou, assim, desse jeito? :-o

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    1. Nesse formato de escrita, Pri, as conclusões ficam à cargo do leitor... mas eu tenho uma opinião :P

      bjos

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  2. Um quadro em que certos tons se apresentam difusos.

    Um beijo

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