terça-feira, 15 de abril de 2014

Pela própria bala




De tantas, restou-me uma
Solitária, inerte e fria
Acaricio-lhe, olhos fechados
Tentando recordar a sensação
Do peito que acelerado ardia
Quando mais um tombava,
Quando mais um caía,
E de mim a humanidade escapava

Já sabia, quando escolhi ficar
Que iria chegar o momento
Do choro arrastado e lento,
Do cheiro desagradável...
Carne perfurada, alma que arde
Serei valente? Serei covarde?
Talvez nunca se saiba,
Talvez a bala não caiba

Restará o meu corpo jogado,
O julgamento caído por perto
Morto pela própria bala
Terei agido errado ou certo?
Uma vida por tantas outras
Em frente, seguiu o batalhão
Hão de adornar com inútil medalha
O desconhecido corpo no caixão

Mateus Medina
27/07/2013

14 comentários:

  1. E tantos que são presos sem estar na prisão.

    Adorei sua visita

    beijos

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  2. "Hão de adornar com inútil medalha
    O desconhecido corpo no caixão"

    A vida, a vida, o maior de todos os bens

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  3. que lindo!
    obrigada pela tua poesia.


    bj meu

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  4. Forte corajoso e triste Mateus
    Nem sabendo ser só na ficção costumo ler até o fim rs mas seu poema prendeu-me,
    que nossos anjos estejam atentos ,ok?
    abraços e obrigada pela passadinha por lá.

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  5. Meu amigo, é um dos poemas mais tocantes já li! Sem mais.

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  6. Belo poema expondo o lado triste das guerras. Meu abraço.

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  7. Um poema de guerra...
    E brilhante.
    Gostei imenso.
    Mateus, tem uma boa semana.
    Abraço.

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  8. Não entendo a guerra...

    Excelente poema, Mateus.

    Beijo

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  9. A guerra é mesmo triste, Mateus.Não há respeito nem pelos mortos.

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  10. Seus versos pareceram luz sobre a escuridão. Muito bonito Mateus. Beijo.

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  11. Há um lado da guerra que ninguém gosta de falar...ou ler... a não ser neste poema tão sentido e angustiante,
    Gostei.
    Bjs
    Graça

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  12. Tantos sedentos de sangue, enquanto outros tais, sequer são dignos de descansar em paz.

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  13. Amigo, um poema belo mas muito sofrido. Beijos com carinho

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