quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Pelo fogo



Quando chamaram-me covarde
Não tinham pequena ideia
De como dói - quando arde
O fogo invade, desnorteia

Julgado e condenado: um borra-botas
Esquecidas as vitórias do passado
Nem a morte concederam-me; idiotas
Tolo erro que não fora perdoado

Prometi que voltaria, todos riram
A humilhação é o bastante - disseram
Arrastado em estrume, me baniram
Gargalhadas ainda hoje reverberam

Fartaram-se com vinhos e canções
Deixei-os esquecer que existi
Segui o meu caminho de orações
Recordando do dia em que parti

Ouviram-me os deuses do inferno!
Dentro do fogo que outrora temi,
Danço agora a caminho do eterno
Destino que um dia escolhi

Esgueirei-me pela noite num rasgo,
Pelas sombras do dia naveguei
Vejo agora a turba dos carrascos
Todos vibram e cantam pelo rei

Observo com deleite o brotar
Do calor que para vingar veio
Exala o cheiro de carne a queimar
Enquanto a gargalhar me banqueteio

Mateus Medina
27/08/2012








3 comentários:

  1. Diabólico, Mateus!... Um texto onde o real e o fantástico se entrecruzam num efeito imagético muito interessante.

    Um beijo

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  2. A vingança é um prato que não se come: serve-se bem quente.

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  3. Adorei!!! Tem varias metáforas e paralelos com a vida real...especialmente com a minha,..kkkk bj

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