Quando chamaram-me covarde
Não tinham pequena ideia
De como dói - quando arde
O fogo invade, desnorteia
Julgado e condenado: um borra-botas
Esquecidas as vitórias do passado
Nem a morte concederam-me; idiotas
Tolo erro que não fora perdoado
Prometi que voltaria, todos riram
A humilhação é o bastante - disseram
Arrastado em estrume, me baniram
Gargalhadas ainda hoje reverberam
Fartaram-se com vinhos e canções
Deixei-os esquecer que existi
Segui o meu caminho de orações
Recordando do dia em que parti
Ouviram-me os deuses do inferno!
Dentro do fogo que outrora temi,
Danço agora a caminho do eterno
Destino que um dia escolhi
Esgueirei-me pela noite num rasgo,
Pelas sombras do dia naveguei
Vejo agora a turba dos carrascos
Todos vibram e cantam pelo rei
Observo com deleite o brotar
Do calor que para vingar veio
Exala o cheiro de carne a queimar
Enquanto a gargalhar me banqueteio
Mateus Medina
27/08/2012
Diabólico, Mateus!... Um texto onde o real e o fantástico se entrecruzam num efeito imagético muito interessante.
ResponderEliminarUm beijo
A vingança é um prato que não se come: serve-se bem quente.
ResponderEliminarAdorei!!! Tem varias metáforas e paralelos com a vida real...especialmente com a minha,..kkkk bj
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