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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

O Mago - Espinho de Prata, de Raymond E. Feist




“O Mago – Espinho de Prata” é a continuação de “O Mago”, de Raymond E. Feist.

Já falei sobre o primeiro livro (que foi dividido em dois) aqui: Resenha de "O Mago".

Desta vez o foco da história sai de Pug e vai para Arutha e Jimmy “Mãozinhas”, o membro mais jovem do “Grémio dos mofadores”, o grupo de ladrões de Krondor.

Depois da paz reinar por um ano no Reino, as coisas começam a esquentar novamente, quando Jimmy “Mãozinhas” surpreende um membro do “Grémio da Morte”, um Naitibó, a tentar assassinar o príncipe Arutha.

No dia do casamento de Arutha, a princesa Anita é atingida por um dardo envenenado, que lhe deixa com pouquíssimo tempo de vida. O único antídoto existente é o Espinho de Prata. Mas, onde encontrá-lo e como trazê-lo até Anita?

As aventuras de Arutha, Jimmy e companhia, não serão poucas. A narrativa começa num tom leve, contando os festejos pela paz. Evolui para a tensão, até chegar a um ponto sombrio, onde as forças do mal contam inclusive com os mortos, que acordam do seu sono “eterno” para perseguir a morte do príncipe Arutha, a todo custo, enquanto este segue a sua busca desenfreada pelo Espinho de Prata.

Assumindo o protagonismo, passamos a conhecer muito melhor esse personagem que nos é apresentado na primeira obra. Um dos meus personagens favoritos, Arutha é “duro” e soturno, com um grande senso de responsabilidade, que em dado momento o vai deixar em conflito. Com Jimmy em seus calcanhares, acabamos por descobrir outras facetas desse rico personagem, que aos poucos vai se rendendo aos encantos do pequeno ladrão que lhe salvou a vida…

Mais uma grande obra que recomendo.

terça-feira, 17 de maio de 2011

O Mago, de Raymond E. Feist



Ao contrário do que sugere o título, “O Mago” não é livro estritamente sobre magia.

“O Mago” é uma fabulosa obra de fantasia, provavelmente uma das melhores já escritas.

O protagonista da história é Pug, um garoto órfão, que vive no castelo de Crydee, uma das cidades do Reino de Midkemia. Thomas o melhor amigo de Pug, também tem papel relevante na história principal do livro.

Paralelamente a toda a aventura e ação descritas no livro, a todas as cenas de batalha, de guerra e estratégia, o livro é sempre constituído de uma “aura” de muita reflexão em questões importantes, caso o leitor esteja atento a isso.

Amor, paixão, amizade, lealdade, bravura, e muitas outras coisas, entram como tempero nessa magnífica e divertidíssima obra.

Quando uma “brecha” se abre, de um mundo desconhecido para o reino de Midkemia, tudo muda, e a paz que antes reinava, dá lugar a uma terrível guerra, onde o reino precisa lutar contra seres que ao que parece, possuem uma magia muito além da conhecida em Midkemia…

Pug, a essa altura era Aprendiz de Mago - e embora pese que Kulgan, o seu Mestre, percebesse nele um potencial enorme e “diferente”-, e duvidava das suas capacidades, já que a vontade verdadeira dele, era ser escolhido para ser guerreiro, como o seu amigo Thomas.

Num episódio na floresta, Pug acaba por salvar a Princesa Carline de um ataque mortal, o que lhe vale uma promoção a escudeiro do Duque Borric, pai da princesa Carline.

Em dado momento, o Duque decide atravessar o reino, passando inclusive pela mais temida floresta, dominada pela “Irmandade das Trevas”, para levar pessoalmente a informação da invasão do outro mundo ao Príncipe, em Krondor.

   (Clique no mapa para o ampliar)

Pug e Thomas, dois rapazes afoitos por aventura, oferecem-se para acompanhar a corte nessa jornada, sem no entanto fazerem a mínima ideia de que essa viagem iria mudar as suas vidas, e seria muito mais longa do que alguma vez poderiam imaginar…

A partir daí o livro se desenrola numa espetacular odisseia, entre batalhas, política, magia, sangue, coragem e saudades de casa…

Afinal, qual é o objetivo de uma guerra? O que justifica começa-la ou termina-la? Ao que é capaz de resistir uma amizade ou uma paixão? Quais os limites do amor ao próximo e à pátria?

Há muito por resolver, e o destino de dois mundos, irá ficar principalmente nas mãos de Pug, “o órfão do castelo”, que assim como Thomas, terá que travar incríveis e dolorosas batalhas internas, tendo que passar de “rapazes” à homens, na velocidade de um relâmpago…

PS: Essa resenha refere-se ao Livro “Magician”, de Raymond E. Feist, que foi publicado em dois volumes nos Estados Unidos. Em Portugal, seguiu-se o mesmo caminho e foi dividido em “O Mago – Aprendiz” e “O Mago – Mestre”.
No Reino Unido, o livro continua a ser publicado em apenas um volume, conforme o original.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Onde Crescem Limas não Nascem Laranjas, de Amanda Smyth



"Quando uma alma chega, outra tem de partir"

Me lembrei hoje de falar sobre esse livro, isso porque, pretendo preparar um post sobre "O Mago - Aprendiz" (talvez espere acabar "O Mago - Mestre", já que originalmente, foi lançado como um livro só), e me peguei pensando que se não falasse sobre esse livro agora, provavelmente iria passar batido, já que pelo visto, passarei os próximos anos lendo apenas Raymond E. Feist...

Enfim, voltando ao que interessa, "Onde Crescem Limas não Nascem Laranjas" é um livro que inicialmente pode parecer "sem pretensão", mas, é um livro muito interessante, que eu gostei bastante de ter lido.

É um livro que trata de sentimentos e sensações, é um livro que mostra uma personagem principal (Célia) bastante humana, cheia de defeitos e qualidades.

Célia não teve a vida fácil, quando nasceu, morreu a mãe no parto. O pai, nunca conheceu.

Morando com a tia e o marido dela, ela tem uma vida muito aquém daquilo que algumas pessoas a julgam capaz.

Ela tem um grande sonho: Conhecer o pai, que vive em Inglaterra, e que ela não conhece e não faz a menor ideia de como encontrar...

A história passa-se em Trinidad e Tobago, e algumas passagens também nos descrevem algo interessante daquela cultura e daqueles costumes.

Não gosto de "entregar" a história, porque se alguém se interessar em ler, perde a graça, mas, esse é um livro basicamente sobre sentimentos, como eu tinha dito antes.

É sobre amor, repulsa, ódio, esperança, frieza... um caleidoscópio de sentimentos, que vivem todos juntos em Célia. Além de ser um livro sobre escolhas que temos que fazer na nossa vida, sobre escolhas que não fazemos e que muitas vezes nos trazem arrependimentos futuros...

Além de tudo, vale muito a pena pelas boas surpresas do final...

Nota: 7/10

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski




"Crime e Castigo" é um dos mais impressionantes livros que eu tive o prazer de ler.

Dostoiévski leva-nos numa viagem fantástica, pela mente de Raskolnikov, um rapaz perturbado, completamente perturbado.

De acordo com aquilo que acredita, ele divide a humanidade entre aqueles que são “excepcionais” e os que são “escória”. Ele acredita que os grandes homens, aqueles que “nasceram para grandes feitos” – grupo em que ele se inclui -, não devem se submeter as leis dos “pobre mortais”, estão simplesmente acima do bem e do mau.

Acreditando nisso, mas, vivendo na miséria, ele precisava de algum dinheiro, que viabilizasse os seus “grandes feitos”, é então que resolve cometer um roubo, seguido de assassinato. Afinal, é só uma velhinha agiota, que é “escória” da humanidade.

A coisa não corre tão bem como ele pensava, principalmente no que diz respeito as próprias crenças.

Consumado o fato – e mais o assassinado da sobrinha da velhinha, que não foi planejado, pois nada tinha a ver com a história -, Raskolnikov se vê metido num mundo que ele nunca esperava, que não fazia parte das suas crenças: O mundo do remorso.

Como lidará esse jovem, com o fato de não ser, ele próprio, um reflexo exato daquilo que se imaginava? Ele mergulha num mundo que é só dele, tornando-se (ainda mais) introspectivo, “pesado”, confuso… é um turbilhão de emoções, todas juntas, ao mesmo tempo, sem descanso nem misericórdia.

Ele não é, afinal, aquela “pedra de gelo” que se imaginava. Continuaria ele a ser o “super-homem” que se imagina, ou esse fato, que inicialmente parecia “trivial”, será capaz de mudar a sua vida, a sua personalidade e as suas crenças?

O livro desenrola-se a partir desse tema central, no entretanto, há algumas histórias paralelas e não menos fantásticas, como a de um jogador inveterado, que é incapaz de cuidar da própria família, e que Raskolnikov acaba por ajudar. A história da sua própria irmã, que não é menos controversa que a sua própria, entre outras, como a de Sónia, que se prostitui para o sustento da família, de uma família despedaçada.

Dostoiévski tem algo que eu nunca encontrei em nenhum outro escritor, que é a forma como ele conta a história, de maneira completamente única e inimitável.

Normalmente, os autores tendem a descrever os pensamentos das personagens, de maneira lógica, para que entendamos bem o que se passa. Explicam as situações de maneira clara, para que não nos percamos na leitura, para que a história continue atraente; Dostoiévski não faz isso.

Ao contrário do mencionado, o grande trunfo desse clássico, para mim, é justamente a maneira como Dostoiévki leva-nos através da mente de Raskolnikov, para dentro da nossa própria mente.

Quando pensamos em algo, não é sempre que temos os pensamentos lógicos e organizados. Muitas vezes, somos assaltados por pensamentos que “não são nossos”, que não fazem sentido, que são absurdo. Misturamos os pensamentos, que vão pegando carona em outros, que entretanto se meteram pelo caminho. Fazemos uma grande confusão, falamos connosco, como se fossemos dois, ou três, ou mil… agora, imagine ler um livro inteiro assim, literalmente como se fosse você a pensar aquilo tudo.

Dostoiévski narra esses pensamentos da maneira mais perfeita que eu alguma vez já li. Isso talvez torne a leitura “chata” para alguns, porque sai dos moldes que estamos acostumados, com tudo muito organizado, estruturado e certinho.

“Crime e Castigo”, além do seu conteúdo filosófico, que passa por críticas à moral cristã, com uma pitada de niilismo, humanismo, e outras confusões mil, na cabeça de Raskolnikov, ainda tem um final surpreendente para este homem, que a princípio era tão certo de ser inabalável.

“Crime e Castigo” nos faz, literalmente sufocar, e sentir o fedor, o “calor”, o abafamento e toda a pressão psicológica daquela São Petersburgo Czarista, através do perturbado Raskolnikov.

Não é à toa que é um grande clássico da literatura, um livro “obrigatório”, que eu recomendo vivamente a quem ainda não o leu.

Mateus Medina
14/04/2011