Ser poeta é tentar o impossível
Insistir no erro crasso de crer
Persistir na tradução do indizível
De tristeza, todo dia morrer
Ser amado e amar de outro jeito
Incompreender e ser incompreendido
Alcançar o mais alto dos feitos
P'ra depois desmontar os abrigos
É não temer a escuridão insondável
Que o grande mistério encerra
Passar pelo inverno intolerável
E conta-lo feito primavera
Ser poeta é prescindir da certeza
E aceitar a mais sublime ignorância
Encontrar a salvação na beleza
Ser velho sem deixar de ser criança
Mateus Medina
24/02/2015