terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Apenas um vislumbre do Poeta

Ser poeta é tentar o impossível
Insistir no erro crasso de crer
Persistir na tradução do indizível
De tristeza, todo dia morrer

Ser amado e amar de outro jeito
Incompreender e ser incompreendido
Alcançar o mais alto dos feitos
P'ra depois desmontar os abrigos

É não temer a escuridão insondável
Que o grande mistério encerra
Passar pelo inverno intolerável
E conta-lo feito primavera

Ser poeta é prescindir da certeza
E aceitar a mais sublime ignorância
Encontrar a salvação na beleza
Ser velho sem deixar de ser criança

Mateus Medina
24/02/2015

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A saudade é uma moeda



Há na saudade tristeza e dor,
O cinzento desespero da ausência,
O egoísmo intolerante e burro
Há na saudade inútil insistência

Que havemos de fazer com o vazio?
Como encontrar explicação?
A saudade não responde a nada
Das respostas só cria ilusão

Há entretanto um outro lado,
Posto que a saudade é moeda
Atira-se ao ar e não se escolhe
Em qual das faces se queda

Há nela também o sorriso
A lembrança infindável do amor
Há na saudade uma brisa qualquer
Que alivia a insuportável dor

A saudade é o paradoxo final
Da lembrança que torna presente
Quem já não podemos tocar

Há na saudade a essência imortal
Daqueles que embora ausentes
Jamais deixaremos de amar

Mateus Medina
06/02/2014