quinta-feira, 22 de março de 2012

Ferramentas do passado



Tendo no passado uma prisão
Não te conformas, nem te revoltas
Vives a agonizante ilusão
Da cerração de todas as portas

Tendo no passado um troféu
Lustra-o com afinco e esmero
Posto que já não provas do mel
Te alimentas das ruínas do castelo

Tendo no passado um exemplo
Sentirás as dores de lembrar
Os erros empilhados pela estrada

Mas, sob os escombros do lamento
Encontrarás as ferramentas pra mudar
O teu futuro, a tua vida, a tua jornada

Mateus Medina 
21/03/2012

terça-feira, 13 de março de 2012

Eclosão



Arremessado em ruas de iniquidade
Arrancado do seio do qu'era belo
Vil destempero de impunidade
Agarrou-se em minh'alma, fez castelo

Se arranco prazeres do invariável destino
É porque vislumbro sorrisos incoerentes
A exibirem-se com pureza de menino
Encovando improbidades eloquentes

Em vielas banhadas pela ausência de luz
Fui criado em efervescente desamor
Distinguido com medalha de pífia cruz

Todo mal que me seduz eclodiu
Quando marcado pela dor, renasci
Neste mundo onde o sol jamais saiu

Mateus Medina
13/03/2012

quinta-feira, 8 de março de 2012

És tu, Mulher



Tens o peso do mundo nos ombros
E ainda assim, intenso brilho no olhar
Tantas vezes retiras dos escombros
Quem insiste em fraca te julgar

És terra segura, és mar revolto
O indecifrável código da vida
Que carregas no ventre em terremoto
Mistérios da felicidade repartida

Foste em tempos restrita ao lar
Mero exemplar de decoração
Não desististe, foste à rua lutar
Hoje, tudo tens em tuas mãos

És a máxima expressão do sensual,
O espelho de tudo o que se quer
O sublime instinto maternal
Tudo isto e muito mais; És tu, Mulher.

Mateus Medina
08/03/2012

segunda-feira, 5 de março de 2012

O esperado fim



Sinto o meu tempo a escorrer
Por entre os dedos, pelas feridas
Por mais qu'eu tente me esconder
Não enxergo qualquer saída

O frio que me acomete vem da alma
As mãos trêmulas sofrem a antecedência
O que vem por aí não me acalma,
Não trás em si qualquer decência

Uma solitária e dolorosa morte
Tudo o que busquei durante a vida
Ao Deus que nunca cri, rogo sorte
Em frágil oração, com tons de despedida

Vou-me embora deste mundo a sangrar
Exatamente da maneira que cheguei
Vou-me embora sem aprender a amar
Se algum dia fui amado, não sei...

Mateus Medina
05/03/2012

domingo, 4 de março de 2012

Semana 9: Pessoas que eu gostaria de conhecer / ter conhecido:





Semana 9: Pessoas que eu gostaria de conhecer / ter conhecido:


1) Raul Seixas

2) Humberto Gessinger

3) Nietzsche

4) Dostoiévski

5) Jesus Cristo

sexta-feira, 2 de março de 2012

Tempos difíceis



São tempos difíceis os nossos
Muitas luzes, muito luxo, pouca alma
Tempos que acumulam destroços
De sorrisos falsos ali na sala

São tempos sem futuro e sem passado
A pressa nos engole em sucessão
Satisfação? Só se encontra ali ao lado
Felicidade se paga com um cartão

São tempos sem memória e gratidão
O que já foi, passou, não volta mais
Atropelamos a história sem perdão
Repetimos os erros ancestrais

São tempos de apatia desgraçada
Onde o medo sepulta a revolta
Seguem os bons sem fazer nada
Continuam os maus todos à solta

Mateus Medina
02/03/2012

quinta-feira, 1 de março de 2012

Impressões



Quando fechaste a porta atrás de ti
Arrastando as sandálias que te dei
Puseste todas as sombras em mim
O que eu sabia, agora já não sei

O teu perfume suspenso pelo ar
Em nossa cama o desenho do teu corpo
Na TV a tua imagem a passar
Enquanto sigo pelo caminho torto

Lembro do tempo em que fomos livres
Ainda assim, sempre juntos por querer
As nossas ruas tão cheias de declives
Jamais nos impediram de viver

Sei de cor o teu sorriso mais sincero
Os caminhos do teu corpo; teu prazer
Sei ser teu, do jeito mais singelo,
Do jeito mais voraz; eu sei te ter

Meus segredos foram todos segregados
No momento que em teu corpo me escondi
Te amei, como ama um desesperado
Quis contigo ser um só, não mais sair

Mateus Medina
01/03/2012